PENSANDO HISTÓRIA: O QUE É REVOLUÇÃO
Geralmente a palavra "revolução" é empregada para se referir
a algum tipo de mudança radical e profunda em uma determinada área da
sociedade.
Por exemplo, quando alguns especialistas em Rock n' Roll se
referem a Elvis Presley ou John Lenon afirmam que eles revolucionaram a
música popular nos Estados Unidos e na Inglaterra respectivamente. Já
especialistas em arte podem afirmar que Michelângelo e Van Gogh foram
responsáveis por revolucionarem a
pintura e as artes em suas épocas.
A partir destes exemplos pode-se constatar que a expressão revolução faz referência
a uma mudança brusca e radical em alguma esfera da sociedade. Substituindo o
modelo em vigor por algo totalmente novo.
Também é importante destacar que um movimento revolucionário é
essencialmente vanguardista, isto é, está à frente de seu tempo. Por definição,
uma revolução é anti-conservadora.
Mas será que é só isso?
Bom... minha intenção aqui não é a de analisar o conceito de
revolução em sua totalidade de significados, mas a partir de seu caráter
social, político e econômico.
Florestan Fernandes, um importante pensador brasileiro, afirmou
que "a palavra revolução encontra empregos correntes para designar
alterações contínuas ou súbitas que ocorrem na natureza ou na cultura”. E
continua afirmando que “mesmo na linguagem de senso comum, sabe-se que a
palavra se aplica para designar mudanças drásticas e violentas da estrutura da
sociedade”, para ele uma revolução é um movimento que subverte a ordem social
imperante numa determinada sociedade.
O Dicionário Houaiss afirma que revolução é um “movimento de revolta contra um poder estabelecido, feito por um número significativo de
pessoas, em que
geralmente se adotam métodos mais ou menos violentos.”
A partir destas considerações podemos definir revolução como
um processo de transformação profunda nas estruturas políticas, sociais e/ou
culturais de uma nação.
Já para Marx, “a burguesia desempenhou na História um papel
revolucionário decisivo (...) onde quer que tenha chegado ao poder, ela destruiu
todas as relações econômicas ali existentes”.
UM ótimo exemplo prático disto está no caso da Revolução Francesa.
Pois neste país ocorreu uma insurreição armada que transformou completamente a
sociedade e a política daquela nação. Pois nesta insurreição, a monarquia
absolutista foi derrubada e um regime republicano foi instaurado em seu
lugar.
A Revolução ocorrida na França obrigou a promulgação de uma nova
Constituição em 1789. Que sabiamente foi denominada de Declaração Universal dos
Direitos do Homem e do Cidadão, UMA carta de leis revolucionaria, pois acabava
com privilégios anteriormente estabelecido, aos quais nobres e o clérigos franceses
usufruíam por séculos. O povo que vivia em um sistema de servidão – literalmente
“servindo” às classes altas da sociedade –, após a revolução passou a ser
assistido por direitos.
Contudo, transformações revolucionárias deste porte não ocorreram
só na França...
Já que outra revolução, igualmente importante... ocorreu na Rússia
no ano de 1917.
Como afirmara Marx “As armas que a burguesia usou para abater o
feudalismo voltam-se agora contra ela mesma”. Se o espectro revolucionário
assustava a burguesia da Europa Central, por fim, ela correu na Rússia, um
império periférico.
Apesar da revolução ter inspiração nas ideias de Karl Marx,
ironicamente, ela não se opôs diretamente à burguesia, mas a uma monarquia
sustentada fundamentalmente numa estrutura econômica feudal.
Mesmo assim, A Revolução Russa, liderada pelos bolcheviques,
derrubou o czar Nicolau. E impôs o comunismo no país.
Assim, como ocorrera na França, no caso russo, não somente a
monarquia foi destituída, mas o sistema econômico também foi radicalmente
modificado.
Como revolução, o que diferencia estas duas insurreições é
essencialmente a classe social que chegou ao poder. Se na França a burguesia
alcançou o topo da sociedade, na Rússia este papel coube aos proletários,
camponeses e operários.
Com tudo isso em mente, podemos concluir que uma revolução
só ocorre quando existe uma transformação radical e profunda nas estruturas de
uma área da sociedade... ou nela como um todo.
Afinal, para que uma mudança seja possível, em primeiro lugar, é
preciso reconhecer que algo está errado e, por isso, precisa ser corrigido.
Mas é importante que fique claro que uma revolução parte de uma
ideologia que se choque com o sistema em vigor... já que sem uma base teórica
sobre o que se quer transformar numa sociedade, este movimento não passará de
uma revolta popular (ou rebelião, como preferir).
Entretanto, também existem revoluções fora da esfera social ou
política – mas que também interferem na economia e na cultura de uma nação – como
é o caso das revoluções tecnológicas.
E o maior exemplo de todos foi – sem nenhuma dúvida – a Revolução
Industrial inglesa do século 18, que provocou uma profunda transformação
na forma de se fabricar objetos. Alterando a sociedade de tal forma que hoje
não imaginamos nossas vidas sem o convívio com produtos industrializados.
Mas... e hoje... será que não estamos vivendo um momento histórico
que nos exige mudanças?... Como aquelas em que as revolução francesa e russa experimentaram?
Pois ao mesmo tempo em que vivenciamos transformações radiais na
tecnologia... Podemos constatar que ela não está disponível para todos.
O que se acentua com a chegada de uma pandemia de grandes
proporções como a causada pelo coronavírus. Pandemia que desnudou nossa
sociedade... mostrando as mazelas e diferenças sociais causadas por uma
sociedade extremamente desigual – onde poucos têm muito e muitos têm pouco.
Será que este momento... hoje vivido por todos nós... não é o
momento de uma transformação profunda em nossa sociedade? Ou será que alguém
acha que está tudo bem? Que não existirão novas crises como a do covid-19?
Será que não está na hora de tomarmos consciência de que algo está
muito errado com o mundo que conhecemos?
Por isso, deixo como reflexão citações de quatro mentes
revolucionarias: Karl Marx, Martin Luther King, Carlos Lutzenberger e Jesus
Cristo:
“Que as classes dominantes tremam à ideia de uma revolução.
Os proletários nada têm a perder, exceto seus grilhões. Por outro lado, os
trabalhadores têm o mundo a ganhar”. Karl Marx e Friedrich Engels (“Manifesto
do partido comunista”, 1848).
“Eu tenho um sonho... que meus filhos um dia viverão em uma
nação onde não serão julgados pela cor da pele, mas pelo conteúdo de seu
caráter” Martin Luther King (discurso “eu tenho um sonho”).
“Está claro que a espécie humana não poderá continuar por
muito tempo com a sua cegueira ambiental e com sua falta de escrúpulos na
exploração da Natureza”. José Carlos Lutzenberger, ambientalista.
“Amarás ao teu próximo como a ti mesmo” (...) “Se alguém te
bater numa das faces, ofereça-lhe a outra”. Jesus Cristo (Mateus 22:39 e Lucas
6:29).
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