Em 2010, o canal norte-americano Starz lançou a
série Spartacus: Blood and Sand que
logo caiu nas graças do público e da crítica especializada, inclusive do
Brasil, onde a série foi transmitida pelo canal FX. Porém, a série não pôde ter
sua segunda temporada em 2011 devido a uma tragédia, o ator Andy Whitfield, que
interpretava o papel de Spartacus, foi diagnosticado com câncer, vindo a
falecer pouco tempo depois.
Com tudo, em janeiro passado, a segunda
temporada (Spartacus: Vengeance)
iniciou nos EUA, com Liam McIntyre assumindo o papel de Spartacus. A ideia é
dar continuidade a série sem mudar o objetivo inicial, ou seja, contar a
história, baseada em fatos reais, do mítico herói-escravo Spartacus, que
liderou um exército de escravos contra as tropas romanas em 73 a.C.. Resistindo
durante aproximadamente 2 anos às investidas imperiais, os rebeldes chegaram a
somar mais de 100 mil integrantes, entretanto o fim foi trágico para os
motinados.
A primeira temporada da série, Spartacus: Blood and Sand (Spartacus:
Sangue e Areia) narra o período em que Spartacus esteve aprisionado no lúdus de
Bastiatus, uma espécie de empresário de gladiadores. Neste local, Spartacus foi
adestrado na arte do combate físico, sendo preparado para se transformar num
gladiador.
A trama da série se desenvolve em torno das
batalhas entre gladiadores e nas disputas políticas entre a alta elite de
Cápua, cidade italiana onde a história acontece. A série culmina com a revolta
de escravos liderada por Spartacus.
Blood and Sand mostra a relação de
amor e idolatria que as lutas de gladiadores proporcionavam aos antigos
romanos. E não eram somente as massas incultas que adoravam as lutas de gladiadores,
pois a elite também se deleitava acompanhando os sangrentos combates. Na arena,
escravos se tornavam celebridades apenas por seu desempenho em combate. Porém,
raramente conseguiam a liberdade, pois não eram livres, pertenciam a um senhor,
um lanista.
As lutas ocorriam atendendo a política do Circus Romanus, que as autoridades
romanas sabiam exatamente para que servia: alienar as massas, dando-lhes uma
distração capaz de tirar de suas cabeças toda e qualquer ideia de revolta
contra o Império. Mas os dias do Circus
não duraram muito tempo, pois foram proibidos quando o cristianismo, que
pregava o amor ao próximo, tornou-se religião oficial do Império.
Hoje, a exemplo do que acontecia com os
gladiadores da Roma Antiga que eram obrigados a lutar, no UFC, que é uma
empresa particular que visa o lucro, os lutadores também têm seus direitos de
exploração de imagem e do corpo pertencentes à empresa. Na verdade, o UFC é
quem define contra quais lutadores seus funcionários (gladiadores) devem lutar.
No espetáculo estético e plástico proporcionado pelos
UFCs, muito semelhantes aos do circo romano, não ocorrem ao acaso, atendem a uma
crescente demanda de interesse popular pelos MMAs (Mixed Martial Arts ou Artes
Marciais Combinadas). Igual ao que acontecia entre os antigos romanos.
Por tudo isso, o UFC se torna um esporte, se é
que pode ser considerado um, anacrônico, ou seja, fora de seu tempo, pois já
fora proibido até mesmo pelos cruéis bárbaros que invadiram o Império Romano,
que viam nestas lutas, embates cruéis e desnecessários.
Mesmo assim, o UFC reavive esses combates atendendo a uma demanda crescente de
um voyeurismo
passivo entre as grandes massas. Pessoas
que preferem observar a vida alheia a viverem suas próprias vidas. Isso faz
o UFC ser para o esporte aquilo que os que os reality shows são para a TV, ou seja, alienação vazia de conteúdo.
Portanto, se você gosta de luta de gladiadores,
abandone os anacrônicos e alienantes UFCs e assista Spartacus: Blood and Sand, que, gostando ou não, ao menos está
dentro do contexto histórico correto.
Marcos
Faber
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