“MÍDIA: PROPAGANDA POLÍTICA E MANIPULAÇÃO” DE NOAM CHOMSKY
Existem dois diferentes
conceitos para democracia “uma delas considera que uma sociedade democrática é
aquela que em que o povo dispõe de condições de participar de maneira
significativa na condução de seus assuntos pessoais e na qual os canais de
informação são acessíveis e livres”, a outra versão conceitua que “democracia [é
um sistema] que considera que o povo deve ser impedido de conduzir seus
assuntos pessoais e os canais de informação devem ser estreita e rigidamente
controlados”. Para Chomsky esta última é a concepção de democracia que predomina
no mundo atual.
Noam Chomsky é considerados
por muitos o maior pensador vivo da atualidade. Ativo politicamente desde os
anos 60, Chomsky já escreveu dezenas de livros. Mantendo-se muito influente
no meio acadêmico.
Apesar de ter alcançado
renome por seus estudos em linguística, sua obra ultrapassa qualquer
catalogação, tendo influenciado praticamente todas as áreas das ciências
humanas, sociais e comunicação.
Para o autor, como vimos anteriormente, vivemos em uma democracia onde a população é excluída da
participação política e, onde, os canais de informação são rigidamente
controlados. Segundo Noam Chomsky, isso ocorre, principalmente, para manter a
população domesticada e dócil. Se a massa popular for inofensiva, não
representará ameaça aos interesses dos que estão no poder (seja ele político ou
econômico).
Ao questionar o modelo atual de democracia, o autor afirma que vivemos em meio a uma DEMOCRACIA DE
ESPECTADORES, onde a grande maioria da população assiste passivamente o que
acontece nas esferas de poder. Para confirmar sua tese, Chomsky cita o
jornalista Walter Lippmann como o principal responsável por teorizar a respeito
do que ficou conhecido como a “construção do consenso”. Lippmann defendia o uso
de técnicas de manipulação da informação como forma de obter o consenso. Desta
forma, para obter a concordância do povo – principalmente a respeito de
assuntos sobre os quais a maior parte da população não está de acordo – é preciso
manipular os cidadãos comuns por meio de técnicas de propaganda política.
Chomsky chama atenção que
isso era necessário, pois para Walter Lippmann “Os interesses comuns escapam
completamente da opinião pública e só podem ser compreendidos e administrados
por uma ‘classe especializada’ de ‘homens respeitáveis’ que são suficientemente
inteligentes para entender como as coisas funcionam”.
A função do “rebanho
desorientado” é a de “espectador”, por esse motivo, precisam ser afastados das
decisões públicas. Mesmo assim, como se trata de uma democracia, esse rebanho é
convocado de vez em quando para transferir seu poder de decisão à classe
especializada, e isso ocorre durante as eleições.
O princípio moral por trás
disso é que a maioria da população seria estúpida demais para compreender o que
é melhor para si e para o coletivo.
Portanto, cabe as classes
especializadas convencer a população a respeito do que é “melhor” para elas...
Embora pareça que essas
ideias possam ser aplicadas apenas por governos autoritários, para, Chomsky, na
verdade, é o contrário... já que esse tipo de manipulação é muito mais comum em
regimes democráticos.
Entretanto, os governos não
agem sozinhos... afinal, a mídia independente formada pelos principais veículos
de comunicação de um país (como a CNN e a Fox News nos Estados Unidos ou a
Globo e a Revista Veja no Brasil) também fazem parte deste processo... já que
invariavelmente defendem os mesmos interesses...
Uma vez tendo o apoio da
opinião pública e, por consequência, da população, as elites políticas e econômicas têm liberdade para defenderem seus próprios interesses... como se
estes representassem os interesses da maioria.
Chomsky destaca que “a
propaganda política está para uma democracia assim como o porrete está para um
Estado totalitário”.
Para finalizar é importante ressaltar que, ao longo de toda a obra, o autor ilustra suas teses com citações de eventos reais ocorridos ao longo da História dos Estados Unidos e que comprovam suas ideias.
Mas mesmo que enfatize fatos
ocorridos em sua terra natal, Chomsky deixa bastante claro que o uso da mídia e
da propaganda como ferramentas de manipulação política são práticas adotadas em
todo o mundo... sendo que, obviamente, quanto mais frágil é uma democracia,
mais suscetível sua população é de sofrer com esse mal.
E aí? Ficou curioso... pois apesar de ser uma obra bastante curta – são pouco mais de 100 páginas – e de leitura extremamente fácil... MÍDIA: PROPAGANDA POLÍTICA E MANIPULAÇÃO é um livro bastante profundo, sendo aconselhado para todos os que se interessam por saber mais a respeito das engrenagens do poder.