Marcos Faber
Nos
últimos dias, a pequena cidade de Cachoeirinha, município localizado na grande
Porto Alegre, está nos noticiários de todo o país. Motivo: a greve dos
funcionários públicos da cidade.
Conforme
os dias têm passado, a greve tem tomado proporções muito maiores do que a
própria importância da cidade no cenário nacional. Só para se ter uma ideia,
Cachoeirinha possui 120 mil habitantes, mas apenas 3,5 mil funcionários municipais.
Mesmo assim, as últimas marchas em protesto contra a administração da cidade já
alcançaram quase 5 mil pessoas, superando ao dobro do número de grevistas, que
são estimados em 2 mil.
Mas
por que isso está acontecendo?
Antes
de continuar, gostaria de mudar de assunto...
Vanguarda
é uma palavra que vem do francês avant-garde,
literalmente significa “a guarda avançada”. Numa guerra, os exércitos possuem
uma formação avançada formada por batalhões de elite. Estas guardas são
responsáveis por se posicionar à frente do restante do exército. São os
primeiros a combater e, por consequência, os primeiros a sofrerem com os ataques
do inimigo.
No
exército romano os batalhões de vanguarda eram extremamente organizados, seus
membros eram os principais guerreiros romanos. Eram os primeiros a combater.
Mas quando a vitória era alcançada, tornavam-se heróis. Músicas eram entoados
em celebração aos seus feitos. Sua memória jamais era esquecida.
Voltando
à Cachoeirinha...
Muitas
pessoas me perguntam sobre o que está acontecendo em nossa cidade. Poderia
responder de várias formas: a retirada de direitos históricos que as várias
categorias de municipários conquistaram ao longo dos anos; a tentativa de
retirar nosso vale-alimentação, que tiveram os valores diminuídos; tentativa
por parte do prefeito de controlar os recursos do IPREC (a previdência social –
fundo de aposentadoria dos funcionários); e ainda outras coisas que estão para
serem aprovadas.
Mas,
no vigésimo quinto dia de paralizações, o prefeito e os vereadores da cidade autorizaram
um ataque da polícia militar contra os grevistas. Dia 30 de março, nós, grevistas, protestávamos em frente à
Câmara de Vereadores contra mais uma alteração na lei que atinge nossos
direitos.
Mesmo
que quase 70% dos manifestantes fossem mulheres, o protesto foi duramente
reprimido. Mais de 100 policiais militares auxiliados pelo batalhão de choque nos
atacaram lançando bombas e disparando tiros de balas de borracha.
Trinta
municipários foram feridos. Um professor foi espancado por um policial, o dito defensor
da lei e dos cidadãos agrediu o manifestante quando este estava caído no chão.
Mas este
ataque covarde que foi autorizado pelos políticos da cidade atraiu os holofotes
da mídia nacional para Cachoeirinha.
Não
estamos mais sozinhos! Estamos recebendo o apoio de vários movimentos sociais,
de sindicatos, ativistas políticos, Direitos Humanos e, principalmente, dos
cidadãos de Cachoeirinha que estão entendo o que está acontecendo.
Por isso, quando me perguntam como
estamos resistindo a tudo que tem ocorrido na cidade, eu respondo:
“Nós somos os protagonistas da nossa
própria história!
Não
estamos dispostos a permitir que políticos corruptos escrevam a história que
nos pertence! Estamos lutando para construir algo que servirá de modelo a toda
a Terra.
Somos a vanguarda! Somos
a guarda avançada que luta contra o Golpe nos direitos que está sendo
programado para acontecer em todo o país. E que atingirá a todos os trabalhadores.
Nós estamos
fazendo História!
E
vamos continuar assim, pois é greve até
a vitória!”
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