Um grande amigo meu, que
é professor, me contou que alguns anos atrás, conheceu um jovem chamado
Mike. Disse ele que o jovem ingressou no magistério cheio de sonhos e ideais. E que não tinha
medo ou vergonha de falar de suas aspirações políticas para todo mundo. Ele
acreditava que poderia mudar o mundo.
Nas vezes em que o
magistério estava sendo prejudicado, o jovem idealista era o primeiro a falar
em luta, greve e paralisações. Em seu discurso havia a crença de que somente a
educação poderia transformar a sociedade.
Meu amigo acreditava no
potencial daquele jovem. E mais de uma vez cedeu sua casa para encontros da
juventude. Destas reuniões Mike foi convidado para candidatar-se vereador.
Meu amigo estava lá,
orgulhoso...
Outra história...
Enquanto caminhava em
direção à encruzilhada, local onde ocorreria o pacto, o jovem Dwayne Ducke
sonhava com o futuro. Seria um grande blues
man.
Dwayne lembrava da história
de seu sobrenome. O fim da escravidão nos Estados Unidos deu ao bisavô de
Dwayne a liberdade. Após um período de sofrimento e escassez, o ex-escravo
iniciou uma lucrativa criação de patos. De tanto sucesso, incorporou Ducke, pato
em inglês, ao nome. Dwayne conhecia essa história, sua mãe a repetia sempre. “Não esqueça suas origens”, dizia ela.
Mesmo assim, o jovem
entregou sua alma ao diabo. Numa encruzilhada encontrou o “coisa ruim”. Em troca, alcançaria seu sonho: ser um grande músico,
um blues man, teria sucesso e
venderia milhares de discos.
Dwayne Ducke assinou um
ótimo contrato com uma gravadora. Antes do disco ser lançado já estava com a
agenda de shows lotada. Mas o inesperado aconteceu. Ducke se acidentou enquanto
viajava em turnê pelo Mississippi. Após sua morte, o interesse por seu álbum cresceu,
vendeu milhares de discos, mas Dwayne nunca conheceu a fama em vida.
Voltando a primeira
história...
Os primeiros anos da vida
política de Mike foram duras, mas ele encarava tudo com grande satisfação.
Mas os anos se passaram.
O agora experiente Mike resolveu ir a uma encruzilhada. Queria mais do que já
tinha. Queira fama. Desejava o poder... Lá, Mike selou seu futuro, vendeu sua
alma.
Assim como na história
de Dwayne, poucos dias depois, o jovem Mike morreu em um acidente de carro. Com
ele foram-se seus sonhos e ideais.
Mas o velho Mike ficou.
E, mesmo sem alma, tornou-se prefeito. Alcançou o poder que desejava. Talvez
tenha faltado que alguém lhe dissesse “Não
esqueça suas origens”, não sei... talvez tenha sido outro o motivo, mas o
fato é que o jovem Mike estava morto.
...
Para concluir, preciso
fazer uma confissão...
Apesar de inspirada em
várias lendas, o jovem Dwayne Ducke nunca existiu, muito menos seu bisavô
criador de patos. Perdoem-me a licença poética.
Contudo, a história do
jovem Mike é verdadeira. Não sei se
verdadeiro era o jovem Mike. Quero crer que aquele “guri” cheio de ideais e
sonhos tenha existido de verdade e que possa voltar. Pois, acredito... ainda dê
tempo!
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