segunda-feira, 17 de junho de 2013

Copa das Confederações ou Copa das Manifestações?


Não tenho lembrança de uma manifestação maior do que as que estão ocorrendo nestes dias. São Paulo, Porto Alegre, Brasília, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e outras tantas cidades brasileiras estão em polvorosa. O povo está nas ruas. Com isso, os veículos de comunicação de massa convocam seus “especialistas“ para desvendarem o que está acontecendo.
Em Porto Alegre, as manifestações iniciaram em março, a população porto-alegrense saiu às ruas contra o aumento abusivo do preço das passagens de ônibus. Nos primeiro dias alguns destes “especialistas” acusam os manifestantes de “baderneiros” outros afirmaram que se tratava de “vândalos” ou “um bando de desocupados, vagabundos”. Contudo, conforme os dias se passam as opiniões ficam mais contraditórias, até ao ponto de alguns “especialistas” exaltarem a organização dos encontros. No fim, uma medida judicial impediu o aumento. Vitória dos manifestantes.
Há 224 anos, em julho de 1789, foram os franceses que saíram às ruas em protesto. Estavam cansados do regime absolutista e das luxurias palacianas da corte de Luís XVI. Os manifestantes não tinham uma demanda, tinham várias. Para começar enquanto havia falta de pão o rei e sua rainha, Maria Antonieta, patrocinavam banquetes que consumiam em uma noite o equivalente a alimentar toda a população parisiense de pão e vinho por um mês inteiro.
Mas não era só isso. A sociedade francesa estava dividida em 3 Estados. O Primeiro era formado pelo clero (membros da Igreja Católica), estes eram sustentados pelos dízimos, que nesta época eram obrigatórios. Já a nobreza representava o Segundo Estado eram os únicos com direitos a posse da terra e viviam da cobrança dos impostos.
Na base da sociedade estava o Terceiro Estado formado pela burguesia e pelo povo. Estes não tinham direitos, apenas deveres. Representavam 98% da população francesa e sustentavam a França e os luxos das elites. Foi por isso que a Revolução Francesa aconteceu. Devido a isso, pouco mais de 2 anos depois, o rei seria guilhotinado em praça pública e a França nunca mais seria a mesma.
Quando saíram às ruas, os franceses não tinham certeza de até onde estariam dispostos a lutar. Mas o que se viu depois foi que tiveram coragem e disposição para irem até o fim.
Mas se o rei Luís XVI vivia em meio a um luxo que não havia trabalhado para usufruir, a população penava. E o que ocorre hoje é tão ruim quanto, pois a realização da Copa das Confederações de 2013 já se consumiu, somente calculando o custo total com os seis estádios, mais de 5 bilhões de reais. Enquanto isso há falta de leitos nos hospitais, escolas não possuem estrutura de funcionamento, os transportes públicos são cada vez mais caros e deficitários, as ruas e rodovias estão ultrapassadas e a segurança pública... o que dizer sobre segurança no Brasil? Alguém se sente seguro nas ruas das grandes cidades brasileiras? Mas os "especialistas" falam em legado da Copa...
Mas, voltando às manifestações que estão acontecendo hoje no Brasil. Não é possível dizer até onde elas irão. O certo é que irão até onde nós tivermos coragem e disposição de ir. Contudo, nossas armas devem ser pacíficas, não devem ser armas que agridam ou firam ao corpo, mas à alma de nossa nação.
Infelizmente não acredito que estamos dispostos a ir tão longe quanto foram os franceses. Contudo, enquanto escrevo esse texto, assisto pela GloboNews que existem manifestantes invadindo as dependências do Congresso Nacional...
Às armas cidadãos!
Marcos Faber

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