Não tenho lembrança de uma manifestação maior do que as que estão ocorrendo nestes dias. São Paulo, Porto Alegre, Brasília, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e outras tantas cidades brasileiras estão em polvorosa. O povo está nas ruas. Com isso, os veículos de comunicação de massa convocam seus “especialistas“ para desvendarem o que está acontecendo.
Em Porto
Alegre, as manifestações iniciaram em março, a população porto-alegrense saiu às
ruas contra o aumento abusivo do preço das passagens de ônibus. Nos primeiro
dias alguns destes “especialistas” acusam os manifestantes de “baderneiros”
outros afirmaram que se tratava de “vândalos” ou “um bando de desocupados,
vagabundos”. Contudo, conforme os dias se passam as opiniões ficam mais
contraditórias, até ao ponto de alguns “especialistas” exaltarem a organização
dos encontros. No fim, uma medida judicial impediu o aumento. Vitória dos
manifestantes.
Há 224 anos, em
julho de 1789, foram os franceses que saíram às ruas em protesto. Estavam cansados
do regime absolutista e das luxurias palacianas da corte de Luís XVI. Os
manifestantes não tinham uma demanda, tinham várias. Para começar enquanto havia
falta de pão o rei e sua rainha, Maria Antonieta, patrocinavam banquetes que consumiam
em uma noite o equivalente a alimentar toda a população parisiense de pão e
vinho por um mês inteiro.
Mas não era só
isso. A sociedade francesa estava dividida em 3 Estados. O Primeiro era formado
pelo clero (membros da Igreja Católica), estes eram sustentados pelos dízimos,
que nesta época eram obrigatórios. Já a nobreza representava o Segundo Estado
eram os únicos com direitos a posse da terra e viviam da cobrança dos impostos.
Na base da
sociedade estava o Terceiro Estado formado pela burguesia e pelo povo. Estes
não tinham direitos, apenas deveres. Representavam 98% da população francesa e
sustentavam a França e os luxos das elites. Foi por isso que a Revolução
Francesa aconteceu. Devido a isso, pouco mais de 2 anos depois, o rei seria
guilhotinado em praça pública e a França nunca mais seria a mesma.
Quando saíram
às ruas, os franceses não tinham certeza de até onde estariam dispostos a
lutar. Mas o que se viu depois foi que tiveram coragem e disposição para irem
até o fim.
Mas se o rei Luís XVI
vivia em meio a um luxo que não havia trabalhado para usufruir, a população penava. E o que ocorre hoje é tão ruim quanto, pois a realização da Copa das Confederações de 2013 já se
consumiu, somente calculando o custo total com os seis estádios, mais de 5 bilhões de reais.
Enquanto isso há falta de leitos nos hospitais, escolas não possuem estrutura
de funcionamento, os transportes públicos são cada vez mais caros e
deficitários, as ruas e rodovias estão ultrapassadas e a segurança pública... o
que dizer sobre segurança no Brasil? Alguém se sente seguro nas ruas das
grandes cidades brasileiras? Mas os "especialistas" falam em legado da Copa...
Mas, voltando às
manifestações que estão acontecendo hoje no Brasil. Não é possível dizer até
onde elas irão. O certo é que irão até
onde nós tivermos coragem e disposição de ir. Contudo, nossas armas devem ser pacíficas, não devem
ser armas que agridam ou firam ao corpo, mas à alma de nossa nação.
Infelizmente
não acredito que estamos dispostos a ir tão longe quanto foram os franceses. Contudo, enquanto escrevo esse texto,
assisto pela GloboNews que existem manifestantes invadindo as dependências do
Congresso Nacional...
Às armas cidadãos!
Marcos Faber
Iremos até onde estivermos dispostos a ir.
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