quinta-feira, 18 de março de 2021

Mídia: Propaganda Política e Manipulação de Noam Chomsky

 

“MÍDIA: PROPAGANDA POLÍTICA E MANIPULAÇÃO” DE NOAM CHOMSKY


Existem dois diferentes conceitos para democracia “uma delas considera que uma sociedade democrática é aquela que em que o povo dispõe de condições de participar de maneira significativa na condução de seus assuntos pessoais e na qual os canais de informação são acessíveis e livres”, a outra versão conceitua que “democracia [é um sistema] que considera que o povo deve ser impedido de conduzir seus assuntos pessoais e os canais de informação devem ser estreita e rigidamente controlados”. Para Chomsky esta última é a concepção de democracia que predomina no mundo atual.


Noam Chomsky é considerados por muitos o maior pensador vivo da atualidade. Ativo politicamente desde os anos 60, Chomsky já escreveu dezenas de livros. Mantendo-se muito influente no meio acadêmico.

Apesar de ter alcançado renome por seus estudos em linguística, sua obra ultrapassa qualquer catalogação, tendo influenciado praticamente todas as áreas das ciências humanas, sociais e comunicação.

 Em "Mídia: Propaganda Política e Manipulação" Chomsky analisa o papel que a mídia e a propaganda política (seja ela governamental ou independente) têm desempenhado na sociedade atual.

Para o autor, como vimos anteriormente, vivemos em uma democracia onde a população é excluída da participação política e, onde, os canais de informação são rigidamente controlados. Segundo Noam Chomsky, isso ocorre, principalmente, para manter a população domesticada e dócil. Se a massa popular for inofensiva, não representará ameaça aos interesses dos que estão no poder (seja ele político ou econômico).

Ao questionar o modelo atual de democracia, o autor afirma que vivemos em meio a uma DEMOCRACIA DE ESPECTADORES, onde a grande maioria da população assiste passivamente o que acontece nas esferas de poder. Para confirmar sua tese, Chomsky cita o jornalista Walter Lippmann como o principal responsável por teorizar a respeito do que ficou conhecido como a “construção do consenso”. Lippmann defendia o uso de técnicas de manipulação da informação como forma de obter o consenso. Desta forma, para obter a concordância do povo – principalmente a respeito de assuntos sobre os quais a maior parte da população não está de acordo – é preciso manipular os cidadãos comuns por meio de técnicas de propaganda política.

Chomsky chama atenção que isso era necessário, pois para Walter Lippmann “Os interesses comuns escapam completamente da opinião pública e só podem ser compreendidos e administrados por uma ‘classe especializada’ de ‘homens respeitáveis’ que são suficientemente inteligentes para entender como as coisas funcionam”.

 Chomsky chama atenção que os adeptos deste modelo – amplamente aplicado nos países ocidentais (incluindo o Brasil) – acreditam que somente uma pequena elite é capaz de entender os interesses gerais. Por isso, enxergam a sociedade como dividida em duas diferentes “classes de cidadãos”: a “classe especializada” e o “rebanho desorientado”. Se os primeiros têm a obrigação de assumir um papel ativo na gestão dos interesses públicos, os segundos, os integrantes do “rebanho desorientado”, que apesar de formarem a ampla maioria da população, precisam ser controlados e adestrados.

A função do “rebanho desorientado” é a de “espectador”, por esse motivo, precisam ser afastados das decisões públicas. Mesmo assim, como se trata de uma democracia, esse rebanho é convocado de vez em quando para transferir seu poder de decisão à classe especializada, e isso ocorre durante as eleições.

O princípio moral por trás disso é que a maioria da população seria estúpida demais para compreender o que é melhor para si e para o coletivo.

Portanto, cabe as classes especializadas convencer a população a respeito do que é “melhor” para elas...

Embora pareça que essas ideias possam ser aplicadas apenas por governos autoritários, para, Chomsky, na verdade, é o contrário... já que esse tipo de manipulação é muito mais comum em regimes democráticos.

Entretanto, os governos não agem sozinhos... afinal, a mídia independente formada pelos principais veículos de comunicação de um país (como a CNN e a Fox News nos Estados Unidos ou a Globo e a Revista Veja no Brasil) também fazem parte deste processo... já que invariavelmente defendem os mesmos interesses...

Uma vez tendo o apoio da opinião pública e, por consequência, da população, as elites políticas e econômicas têm liberdade para defenderem seus próprios interesses... como se estes representassem os interesses da maioria.

Chomsky destaca que “a propaganda política está para uma democracia assim como o porrete está para um Estado totalitário”.

Para finalizar é importante ressaltar que, ao longo de toda a obra, o autor ilustra suas teses com citações de eventos reais ocorridos ao longo da História dos Estados Unidos e que comprovam suas ideias.

Mas mesmo que enfatize fatos ocorridos em sua terra natal, Chomsky deixa bastante claro que o uso da mídia e da propaganda como ferramentas de manipulação política são práticas adotadas em todo o mundo... sendo que, obviamente, quanto mais frágil é uma democracia, mais suscetível sua população é de sofrer com esse mal.

 

E aí? Ficou curioso... pois apesar de ser uma obra bastante curta – são pouco mais de 100 páginas – e de leitura extremamente fácil... MÍDIA: PROPAGANDA POLÍTICA E MANIPULAÇÃO é um livro bastante profundo, sendo aconselhado para todos os que se interessam por saber mais a respeito das engrenagens do poder.