Para quem tem filhos em idade escolar, todo início de ano é
a mesma coisa. Antes do fim das férias, inicia uma maratona que começa com a
compra do material escolar, dos livros didáticos e termina com constatação de
que a mensalidade da escola sofreu um aumento abusivo.
Para ilustrar vou contar uma breve história baseada em fatos
reais, porém, os nomes citados são fictícios para evitar maiores constrangimentos.
Carlos, um amigo meu, contou-me que a escola de seu filho reajustou
a mensalidade escolar em quase 25%. Indignado foi até a escola para reclamar. Na
secretaria, a funcionária que o atendeu, solicitou que ele esperasse, pois iria
repassá-lo para o “responsável”.
Carlos conta que quando questionou o “responsável” sobre o
tamanho do aumento, este argumentou dizendo que o acréscimo correspondia a uma
série de fatores, entre eles: os índices inflacionários, o aumento de salários
dos professores, a reforma no ginásio da escola e mais uma série de coisas. Entretanto,
gastos com obras de beneficiamento da escola e aumento de professores não devem
ser repassados aos pais, pois são obrigações das escolas.
Após uma série de argumentações de ambos os lados, Carlos, decidiu
que iria pesquisar os valores de outras escolas, pois não estava disposto a
pagar o valor que a mensalidade passara a custar.
Atento a isso, o atendente afirmou que “pelo motivo de seu
filho já estar conosco há alguns anos e pelo fato do senhor ter se mostrado um
bom pagador, iremos lhe dar um abatimento na mensalidade. Com isso, o senhor ficará,
nos próximos 6 meses, com a mensalidade antiga”. Carlos aceitou a proposta, e
seu filho continua na escola.
O episódio contado acima, baseado em fatos reais, demonstra
que muitas escolas se comportam como se fossem empresas. Negociam mensalidades
com o propósito de reter clientes, da mesma forma como muitas empresas fazem. O
comportamento destas escolas é o mesmo de empresas de cartão de crédito quando
tentamos cancelar o cartão.
Escolas com esse comportamento tratam pais e alunos como se
eles fossem clientes.
A situação piora quando os alunos entram no Ensino Médio.
Pois nesta importante fase escolar, essas escolas investem num ensino voltado à
aprovação no vestibular. E, devido a esses índices, realizam suas propagandas.
Como se passar no vestibular fosse o que realmente importasse na formação de um
jovem.
É por isso que as “escolas negócio” formam jovens que não
respeitam as autoridades. Afinal, a primeira autoridade que conhecem, isto é,
os professores, não são encarados como educadores e muito menos como
autoridades, mas como prestadores de serviços e que, por esse motivo, não são
merecedores do seu respeito.
Entretanto, o mais grave disso tudo é que muitos destes
jovens estudantes possuem esse tipo de comportamento por estímulo dos próprios pais,
que em muitas vezes, desautorizam as ordenanças dos educadores em nome do “bem
estar dos filhos”. Sem compreenderem que os professores possuem a devida
formação para tomarem as atitudes que tomas, pois possuem a devida capacitação
para realizarem o seu trabalho. Pois a repreensão é parte da formação de um
jovem.
O que estas escolas e esses pais parecem esquecer-se é o
real significado de educação. Segundo o dicionário Aurélio, educação significa “...”.
Já o dicionário Michaelis define
educação como “Aperfeiçoamento das faculdades físicas intelectuais
e morais do ser humano; disciplinamento, instrução, ensino. Processo
pelo qual uma função se desenvolve e se aperfeiçoa pelo próprio exercício. Formação consciente das novas gerações
segundo os ideais de cultura de cada povo. Civilidade. Delicadeza.
Cortesia”.
Será que as “escolas
negócio” estão preparando cidadãos de verdade? Ou estão apenas reproduzindo as
técnicas empresariais de sucesso a qualquer custo que, ao que tudo indica, adotaram?
Marcos Faber
www.historialivre.commarfaber@homail.com
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