quinta-feira, 29 de março de 2012

Quando as escolas agem como empresas

Para quem tem filhos em idade escolar, todo início de ano é a mesma coisa. Antes do fim das férias, inicia uma maratona que começa com a compra do material escolar, dos livros didáticos e termina com constatação de que a mensalidade da escola sofreu um aumento abusivo.

Para ilustrar vou contar uma breve história baseada em fatos reais, porém, os nomes citados são fictícios para evitar maiores constrangimentos.

Carlos, um amigo meu, contou-me que a escola de seu filho reajustou a mensalidade escolar em quase 25%. Indignado foi até a escola para reclamar. Na secretaria, a funcionária que o atendeu, solicitou que ele esperasse, pois iria repassá-lo para o “responsável”.

Carlos conta que quando questionou o “responsável” sobre o tamanho do aumento, este argumentou dizendo que o acréscimo correspondia a uma série de fatores, entre eles: os índices inflacionários, o aumento de salários dos professores, a reforma no ginásio da escola e mais uma série de coisas. Entretanto, gastos com obras de beneficiamento da escola e aumento de professores não devem ser repassados aos pais, pois são obrigações das escolas.

Após uma série de argumentações de ambos os lados, Carlos, decidiu que iria pesquisar os valores de outras escolas, pois não estava disposto a pagar o valor que a mensalidade passara a custar.

Atento a isso, o atendente afirmou que “pelo motivo de seu filho já estar conosco há alguns anos e pelo fato do senhor ter se mostrado um bom pagador, iremos lhe dar um abatimento na mensalidade. Com isso, o senhor ficará, nos próximos 6 meses, com a mensalidade antiga”. Carlos aceitou a proposta, e seu filho continua na escola.

O episódio contado acima, baseado em fatos reais, demonstra que muitas escolas se comportam como se fossem empresas. Negociam mensalidades com o propósito de reter clientes, da mesma forma como muitas empresas fazem. O comportamento destas escolas é o mesmo de empresas de cartão de crédito quando tentamos cancelar o cartão.

Escolas com esse comportamento tratam pais e alunos como se eles fossem clientes.

A situação piora quando os alunos entram no Ensino Médio. Pois nesta importante fase escolar, essas escolas investem num ensino voltado à aprovação no vestibular. E, devido a esses índices, realizam suas propagandas. Como se passar no vestibular fosse o que realmente importasse na formação de um jovem.

É por isso que as “escolas negócio” formam jovens que não respeitam as autoridades. Afinal, a primeira autoridade que conhecem, isto é, os professores, não são encarados como educadores e muito menos como autoridades, mas como prestadores de serviços e que, por esse motivo, não são merecedores do seu respeito.

Entretanto, o mais grave disso tudo é que muitos destes jovens estudantes possuem esse tipo de comportamento por estímulo dos próprios pais, que em muitas vezes, desautorizam as ordenanças dos educadores em nome do “bem estar dos filhos”. Sem compreenderem que os professores possuem a devida formação para tomarem as atitudes que tomas, pois possuem a devida capacitação para realizarem o seu trabalho. Pois a repreensão é parte da formação de um jovem.

O que estas escolas e esses pais parecem esquecer-se é o real significado de educação. Segundo o dicionário Aurélio, educação significa “...”. Já o dicionário Michaelis define educação como “Aperfeiçoamento das faculdades físicas intelectuais e morais do ser humano; disci­pli­na­mento, instrução, ensino. Processo pelo qual uma função se desenvolve e se aperfeiçoa pelo próprio exercício. Formação consciente das novas gerações segundo os ideais de cultura de cada povo. Civilidade. Delicadeza. Cortesia”.

Será que as “escolas negócio” estão preparando cidadãos de verdade? Ou estão apenas reproduzindo as técnicas empresariais de sucesso a qualquer custo que, ao que tudo indica, adotaram?

Portanto, reflita sobre que tipo de educação seu filho está recebendo e, claro, não perca a fé.

Marcos Faber
www.historialivre.com
marfaber@homail.com

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